À medida que se aproxima o fim do ano, cresce a pressão em torno do vestibular. Milhares de estudantes irão prestar as mais diversas faculdades por todo o Brasil, e a necessidade de estar cada vez mais preparado diante da crescente competitividade das provas, assombra a cabeça dos adolescentes gerando uma cobrança excessiva e prejudicial por parte da família, da escola e até mesmo do próprio aluno. Como se não bastasse, o aluno que consegue vencer essa difícil etapa precisa ainda passar por um outro teste de aptidão o qual não avalia qualquer capacidade individual do ingressante, e sim a sua tolerância em aceitar as mais variadas humilhações de caráter preconceituoso, exercidas pelos chamados “veteranos”.
Entrar na faculdade deixou de ser uma conquista pessoal a qual devemos ter orgulho, pois o ingressante após ser exposto a todo tipo de situação constrangedora, vê-se agora sem identidade, pois nos próximos seis meses deixará de ser gente para ser “bicho”, uma espécie de cobaia com a desconcertante função de “bobo da corte” dos “veteranos”.
Não posso deixar de fazer um paralelo com o filme “Tropa de Elite”, o qual polemiza os métodos utilizados pela polícia para fazer valer a lei na cidade do Rio de Janeiro. A situação em que se encontra a segurança pública da cidade evidencia a necessidade de medidas mais drásticas para controlar a força exercida pelo crime organizado, desde que essas medidas façam valer o direito do ônus da prova (todo cidadão é inocente até que se prove o contrário) e não sejam aplicadas de forma preconceituosa punindo indevidamente os moradores das favelas e morros.
A situação se agrava na hora de comentar os casos de torturas usadas pelos protagonistas. Esse crime hediondo foi colocado em um contexto o qual nos faz acreditar que os resultados obtidos fazem valer os métodos empregados, o que não é verdade, já que tortura (usada no filme até contra crianças) é crime, e deve ser punida adequadamente e não enaltecida.
Vocês devem estar pensando qual é a relação existente entre o filme e os trotes dos vestibulares, e é aí que chegamos então ao ponto mais alto dessa coluna: o preconceito. Em ambos os casos o preconceito é considerado uma prática aceitável, o que não deve acontecer.
Em um país onde se luta por mais igualdade, permitir que práticas preconceituosas sejam exercidas publicamente sem punição é negar todo um conjunto de conceitos que regem uma melhor convivência entres os seres humanos, é nossa obrigação exigir das autoridades represálias a tais condutas.
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